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SOBRE (A) MINA

Exposição desenvolvida em parceria com a cidade de Munique através do programa Ebenböckhaus - Artist in Residence Munich.

Artistas convidados: Isadora Canela, Lis Haddad, Thaís Machado

25 e 26 de junho /22

Ebenböckstrasse, 11 - Pasing, Munique

FUNCIONA

TEXTO CURATÓRIO


Os fundamentos da sociedade estão na noção de meu. Como território explorado e também uma materialização do eu, o "meu" é o centro de uma estrutura capitalista e seus padrões. 

 

Num misto de homenagem e manifesto, a exposição convida o público a refletir sobre as profundezas escuras da mineração e a partir daí redesenhar os mapas de destruição para abrir espaços para outras realidades.

 

25 de janeiro de 2019, trabalhadores reunidos no refeitório, vizinhos conversando na porta do quintal, famílias reunidas para comemorar a recém-anunciada chegada de um novo filho. 

Naquele interior de Minas Gerais, em Brumadinho, Brasil, sem qualquer sirene ou aviso prévio a terra treme. Gigante, a represa do Córrego do Feijão estourou impetuosamente, formando um tsunami de lama tóxica que em poucos minutos enterrou os sonhos, os amores, a vida de 272 pessoas e 133,27 hectares de vegetação nativa da Mata Atlântica._cc781905-5cde-3194-bb3b- 136bad5cf58d_

Uma história que se repete. Em 2015, na cidade de Mariana, o mesmo estado viu o lodo tóxico de mineração destruir o principal rio da região sudeste do país em um dos maiores desastres ambientais do mundo.

 

Não há grito ou palavra ou imagem, nenhuma obra de arte, nenhum Deus de qualquer religião, não há nada no mundo capaz de dar conta do tamanho dessa dor. 

 

Não foi um acidente. 

 

Desenvolvidas especificamente para Munique, as obras chegam ao público na cidade que sedia o julgamento de um dos mais graves crimes humanos e ambientais da história contemporânea. 

A empresa que garantiu a segurança da barragem está sediada em Munique e atualmente nega sua responsabilidade. 

Além disso, grandes bancos alemães estão investindo em mineradoras que estão liderando os conflitos ambientais e humanos no Brasil.

 

Apesar das distâncias físicas e simbólicas, as decisões aqui tomadas atualizaram a era do colonialismo, afetando diretamente outros territórios. 

 

Que as minas acabem, e não as vidas. Que a ideia egoísta do que é "meu" mude. A exposição chama aliados para semear novas paisagens possíveis.

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