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MÁQUINA DO NOVO MUNDO

escultura de fonte cinética | 2022
240cm x 75cm x 50cm

Pás, água, mangueira, bomba d'água, torneira, cabo elétrico.

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  Em “A máquina do mundo”, 1951,  o poeta de Minas Gerais, Carlos Drummond de Andrade escreveu: 

             "No sono rancoroso dos minérios,

             dá volta ao mundo e torna a se engolfar

             na estranha ordem geométrica de tudo"

 

   Em alusão direta ao escritor que compartilhou em vida as paisagens do cotidiano permeadas pela extração mineral, a obra traz pás de mineração, grandes símbolos de destruição, de volta ao seu sono natural, ninado pelas águas de rios que um dia lhe refrescaram. 
 

   Na tentativa de recriar a maquinação do mundo atual que tanto trabalha em função da morte, a escultura cinética trás um som sereno, fluido e ressignifica a agressividade e poder destrutivo do material concedendo-o um novo sentido e realocando sua funcionalidade. Aqui, nesse novo mundo, as máquinas trabalham em função do ciclo da vida que a ele tudo retorna e nunca se repete, cada desenho do cair das águas e som das gotas que escorrem é um acontecimento único no tempo e espaço que lhe abrigam. 
 

   Sem deixar o caráter industrial a obra deixa evidente todas as ferramentas que a compõem, tanto estética quanto simbolicamente escancara as soluções e processos para que a máquina funcione. 
 

   As pás que atuam paradoxalmente como ferramenta de extração do próprio material que lhes formam são aqui dispostas na forma de uma fonte. Nos jardins e parques coloniais as fontes são historicamente objetos de poder, materialização da opulência européia colonizadora. 

Por outro lado são também símbolos de continuidade e pureza, local onde se busca sabedoria, juventude ou respostas, as fontes carregam em si a aura espiritual dos ciclos e, nessa obra que é também uma oração, caminha entre as águas a fé e esperança em ver o maquinário do mundo se voltar à vida e que assim possamos trazer o afeto à escala industrial.

 

"Maquinário para um novo mundo" é um monumento em memória às vítimas fatais e seus familiares do rompimento da barragem de Brumadinho, 2019 e do rompimento da barragem de Mariana, 2015. Ao todo 291 pessoas e quilômetros de fauna e flora perderam a vida nestes crimes ainda sem solução. O luto continua.


Estende- se a todas as outras milhões vítimas de processos extrativistas predatórios ao redor do globo. 

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 PROCESS

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