A sociedade contemporânea está inserida em uma conexão paradoxal, que se intensificou graças à aceleração do mundo cibernético, fruto da pandemia.

Por um lado, há um mundo unido por um site virtual, onde as telas podem aproximar as pessoas. As famílias podem entrar em contato a qualquer momento. A internet manteve os empregos das pessoas mesmo quando o distanciamento social era necessário.

Está se moldando como uma nova entidade divina, onipresente, onisciente e onipotente. Esse imenso organismo de dados foi criado com base na imagem da natureza humana?

 

Por outro lado, a Internet está nos desconectando do mundo dos vivos. Enquanto a vida social acontece através de uma tela, um mundo fora da tela sufoca e o pedido de socorro é silenciado por fones de ouvido bluetooth. Nos sentimos tão protegidos em cima de nossas cadeiras giratórias que mal conseguimos ver o planeta caindo aos pedaços.

 

As mudanças climáticas são a prova de que a ausência humana do mundo “real” é uma sociedade fracassada. Segundo o pensador indígena brasileiro Ailton Krenak “quando despersonalizamos os rios, as montanhas, tiramos seus sentidos.  e atividades extrativas". 

Esse comportamento é o verdadeiro eu da existência humana? 

A partir de cada fio criado, significa menos hastes. Invisível como é vendida, a internet se esconde nos buracos das cidades, sobrevive de suas raízes subterrâneas, cheias de dados mas sem vida. A expressão “natureza morta” nunca foi tão literal.